A eternidade das férias de outros tempos.
Hoje chegam ao fim as minhas férias. É curioso
como ficamos sempre com a sensação de que não fizemos quase nada daquilo que
planeámos. Os dias desaparecem a correr e, quando damos por isso, já é hora de
voltar à rotina.
Este pensamento transporta-me para os meus
tempos de infância, quando os verões eram longos, quase intermináveis. Três
meses de férias davam para tudo: ajudar os pais e os tios na agricultura, perder-me
em brincadeiras com os meus primos e até ter tempo simplesmente para não fazer
nada.
Mesmo com as tarefas que os meus pais me davam para fazer, ainda sobrava
tempo para me envolver em mil aventuras com os meus amigos — fosse a explorar
caminhos, inventar brincadeiras ou simplesmente deixar a imaginação correr
solta. Havia até dias que no final da tarde se juntavam todos para jogar à bola na
estrada, crianças e adultos sem pressas e sem carros (quase não existiam) a
atrapalhar.
Mas uma das memórias mais marcantes dessa altura
eram os dias passados com os meus primos na praia da Apúlia, onde os meus tios,
por motivos de saúde, alugavam sempre uma casa. Lá víamos os sargaceiros sempre
muito atarefados na sua faina. Logo de manhã cedo íamos ver os barcos dos
pescadores a chegar para comprar peixe fresco e, pelas ruas, espalhava-se o
cheirinho do pão quente que saía das várias padarias. Dias mágicos,
maravilhosos. Na praia acabávamos sempre por fazer novas amizades de outras
paragens, que nos anos seguintes acabávamos por reencontrar. Hoje sinto que fui
um verdadeiro sortudo e estou profundamente agradecido por me terem
proporcionado esse privilégio.
O tempo mudou, nós mudámos, mas ficam na
memória essas lembranças que continuam a ser um refúgio, um lugar onde o
relógio nunca corre depressa demais. Fica a imagem de como a vida já foi mais
simples, mais descomplicada e de como o tempo parecia não ter pressa de passar.
Boas recordações. O passado, pode ser um refúgio agradável, mas se lá passarmos muito tempo, deixamos de viver o presente. : )
ResponderEliminarTodavia, concordo que o tempo antes era muito mais lento que agora. Eu, praticamente, passava todas as férias de verão na praia. Quase no fim, estava desejando de regressar às aulas.