01 setembro 2025


       A Casa na Arvore - Sonho partilhado! 


         Quando penso na minha infância, uma das lembranças mais vívidas que me vem à memoria é a sensação de aventura que brotava sempre que via um episodio das aventuras de Tom Sawyer. Juntamente com o meu primo Nuno assistia de forma quase religiosa aqueles momentos mágicos, ainda a preto e branco, que a RTP2 nos proporcionava todos os sábados de manhã. Aquele universo de liberdade, amizade e pequenas travessuras inflamava a imaginação. Eu e o meu primo não precisávamos de muito: bastava um pedaço de corda, algumas tábuas velhas e a convicção de que podíamos recriar as aventuras de Tom e Huck no nosso próprio quintal.

        Uma cena em particular ficou gravada em mim: a construção da casa na árvore para o Huck. Inspirados, decidimos fazer o mesmo. O problema é que a vontade era imensamente maior que a habilidade, e a realidade raramente acompanhava a nossa ousadia infantil. As nossas tentativas foram muitas, quase sempre terminando em desastres engraçados ou em resultados que hoje chamaríamos de “quase trágicos”. Mas, para nós, cada falha era apenas mais um capítulo da aventura.

        Só anos mais tarde, já adulto e com filhos, consegui finalmente realizar aquele sonho de criança. Construí para eles a tal casa na árvore que tanto desejei. — confesso que, no fundo, essa construção foi mais importante para mim do que para eles. Enquanto durou, foi um sucesso absoluto: um pequeno refúgio suspenso no tempo, cheio de risos, segredos e cumplicidade.

        Neste verão, durante as férias, percebi que não estava sozinho nesse sonho. Em diferentes locais, deparei-me com casas na árvore erguidas com a mesma paixão e o mesmo espírito aventureiro. Umas mais simples, outras verdadeiras obras de arte. Foi como se todas elas, espalhadas por aí, fossem testemunhos de uma infância partilhada, em que a imaginação nos fazia acreditar que bastava subir alguns ramos para alcançar a liberdade. E vocês também tiveram a vossa “casa na arvore”, ou ainda sonham com ela?

15 comentários:

  1. Quando era criança, nunca tive uma casa na árvore. A minha aventura com árvores resumiu-se a trepar por uma amoreira, a meio metro do chão, para apanhar folhas para os meus bichos da seda.
    Os meus filhos, sim, tiveram uma casa dessas e até “pernoitaram” algumas vezes nela. O quintal era grande e vedado e achei que era seguro. Também porque sabia que mais hora menos hora estariam de volta aos seus quartos.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. No meu caso, os meus filhos "ajudaram-me" a realizar um sonho de criança!
      Obrigado pela visita.

      Eliminar
  2. A minha casa na árvore é a minha casa, rodeada de árvores em Düsseldorf, onde o silêncio sussurra histórias entre folhas. O meu sonho de infância foi morar na Alemanha, e ali encontrei o mapa do meu coração entre as ruas verdes e os telhados dourados. Cada indivíduo carrega um sonho diferente, singular como uma estrela, que brilha à sua maneira no vasto céu do mundo.

    Gosto de ler as suas histórias com temas interessantes.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Cada um de nós tem a sua "casa da arvore" na vida.
      Obrigada pelas suas palavras.

      Eliminar
  3. O espírito de aventura, próprio de cada criança, pode levar a situações engraçadas, nem sempre com sucesso.
    Mas vale sempre a pena insistir até alcançar o objetivo proposto.
    Abraço de amizade.
    Juvenal Nunes

    ResponderEliminar
  4. Não tive uma casa dessas, mas sempre que podia trepava a árvores e nem sempre era bem sucedida!

    Abraço

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Infelizmente já não se vê tanto como era desejável essa ousadia de outros tempos.
      Abraço.

      Eliminar
    2. Nunca tive uma casa na árvore.
      Mas tive imensas viagens à biblioteca itinerante da Gulbenkian para procurar as aventuras de Tom Sawyer, Hucklberry Finn,...
      Abraço

      Eliminar
    3. Certamente eram viagens cheias de aventuras.
      Abraço.

      Eliminar
  5. Casas em árvores nunca tive, mas quase todos os dias, ao anoitecer, em dias de Verão, subia a uma das nossas romãzeiras e como a nostalgia, nem sei de quê, se apoderava de mim, chorava baixinho para que ninguém ouvisse.
    Hoje penso que sentia a falta de um/a irmão/ã, mais nova para compartilhar da minha emoção.
    A minha única irmã era seis anos mais velha. Não me lembro de alguma vez ela ter brincado comigo... 😥

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigado pela visita.
      Eu só tenho um irmão e é mais novo 7 anos. Sempre brinquei com ele mas sempre com uma preocupação mais protetora.
      Volte mais vezes.
      Bfds.

      Eliminar
    2. Voltarei, sim.
      Grata pelo bom acolhimento.
      Aqui, sinto-me em casa. Não me pergunte porquê.
      As sensações não se explicam...

      Eliminar
  6. Boa noite, essas lembranças que você tem, juntamente com
    seu primo, certamente é uma das coisas boas de sua vida, pois lembrar é viver.
    Votos de um bom domingo e uma excelente semana.
    Abraços.

    ResponderEliminar
  7. Sem dúvida. Ainda hoje somos os melhores amigos!
    Bom domingo e boa semana para si e obrigado pela visita.

    ResponderEliminar