Agosto está a chegar ao seu final e, com ele,
regressa um sentimento que só nós sabemos traduzir numa palavra: - saudade.
É a saudade das conversas à mesa, dos almoços de família que ficam mais
pequenos, das festas populares que perdem rostos conhecidos. Para muitos de
nós, agosto é o mês dos regressos temporários, das malas cheias de lembranças e
dos abraços que tentam compensar um ano inteiro de distância.
Não me posso esconder das minhas origens. O meu
pai foi obrigado a emigrar, como tantos outros da sua geração, porque o país
não lhe dava condições para sonhar. Hoje é o meu filho quem segue o mesmo
caminho. Também ele fez a mala, levou e deixou saudade. Mudam-se os tempos, repetem-se as partidas.
É uma realidade que atravessa gerações: somos
um país de emigrantes. Sempre fomos. Está inscrito na nossa história, na nossa
memória coletiva, nos apelidos que se espalham pelo mundo. Então como é
possível que um país feito de partidas se mostre, tantas vezes, intolerante com
aqueles que aqui chegam em busca da mesma dignidade que um dia nós procurámos
lá fora? Porque é que muitos de nós escolhem ser duros e intolerantes com quem
aqui chega. Esquecemo-nos depressa que já fomos nós a atravessar fronteiras, a
enfrentar olhares desconfiados, a carregar no peito a saudade.
Afinal, o que distingue o nosso emigrante do
imigrante que hoje cruza fronteiras para trabalhar e viver entre nós? Ambos
carregam a saudade, ambos enfrentam o medo do desconhecido, ambos deixam para
trás família, amigos e raízes. Ambos apenas querem uma oportunidade.
Se há algo que deveríamos ter aprendido com a
nossa própria história, é a importância da empatia. Porque a dor da separação
não tem nacionalidade. A esperança de uma vida melhor também não. E o sentimento
saudade também não me parece que tenha bandeira.
Talvez agosto, com os seus regressos e
despedidas, seja o mês ideal para nos lembrarmos disso: que a saudade que
sentimos é a mesma que vivem aqueles que escolhem Portugal como casa. E que, em
vez de erguer muros de intolerância, poderíamos construir pontes de
compreensão.
É uma perspetiva que muitos se esquecem. Uns por não terem a experiência, outros porque se esqueceram. Os emigrantes e os imigrantes passam, de facto, pelas mesmas fases.
ResponderEliminarParece que todos os anos, no mês de agosto, os emigrantes portugueses regressam em peso a Portugal para passar as suas “vacances”.
Nos tempos atuais, emigrar de Portugal para outros países está muito mais facilidado. Terão sempre amigos no país para onde vão, ou familiares. Nos anos 50, segundo reza a história, a situação era muito mais complicada e triste de certa forma. Ninguém tinha a noção do que poderiam esperar para além fronteiras.
Em resumo falta um pouco de empatia na sociedade.
EliminarPor acaso penso que poderá, em muitos casos, ter-se dado o contrário. POis era nos anos 50 a 80, mesmo sem a tecnologia para ajudar, que as pessoas se apoiavam muito umas nas outras. Vizinhos ajudavam o filho, da filha da irmã da vizinha... que precisava emigrar... Talvez hoje se avance com facilidade e mais tranquilidade. Mas mais apoio?
EliminarDepende dos casos.
Por minha experiência, acho que nós portugueses, como emigrantes, não somos muito de nos unir e ajudar outro emigrante. Pelo que vejo de outras culturas, eles se unem quase em simbiose, viram uma unidade, não são mais indivíduos.
Este emigrante prefere visitar o País em Setembro/Outubro.
ResponderEliminarMenos calor, menos gente, viagens mais baratas.
Não tenho recebido notificações de novas postagens no seu blogue.
Um abraço, boa semana
Uma boa opção sem dúvida! Menos confusão e mais económica.
EliminarObrigado pela visita e boa semana.
Um abraço.
Boa tarde. Obrigado pela visita e comentário sobre o 6° Aniversário do Blogger. A cidade do Rio de Janeiro possui imigrantes e emigrantes. Acho que isso que faz a sua beleza. Tipo uma rosa cheia de pétalas. Cada uma tem a sua beleza. Assim, também é o nosso Brasil. Grande abraço carioca. São tantos amigos de Blogger, confesso que não lembro se já conhecia, o seu maravilhoso trabalho.
ResponderEliminarMuito obrigado pela visita. não me conhecia porque sou "novato" na blogosfera. Este tema tinha pano para mangas. Houve um tempo que eramos nós que íamos para o Brasil à procura de uma vida melhor, hoje são vocês que veem para cá.
ResponderEliminarUm abraço minhoto.
Provavelmente, esta emigrante prefere visitar a Apúlia italiana do que a Apúlia portuguesa nas férias de outono 🍂
ResponderEliminarDe qualquer maneira gostei de ler a sua crónica sobre a emigração que apela à tolerância, que é necessária para que a sociedade seja mais democrática e justa.
Saudações da aldeia do Düssel.
Muito obrigada pela visita.
EliminarUma bela postagem., sem dúvida que a partida dos nossos emigrantes nos deixam e levam muitas saudades.
ResponderEliminarContinuação de boas postagens.
Muito Obrigado pela visita.
EliminarVolte sempre :)
Vim visitar :)
ResponderEliminarÉ simples e complexo ao mesmo tempo.
Aceitamos? Sim. Aceitamos até que ponto? Quando é que alguns passam a ser demasiados para alguns?
É um fenómeno universal. Talvez a "culpa" seja, sem dúvida, do capitalismo. Pois em prol do lucro, políticas pelo globo mudam e empobrecem o seu chão. Fazendo com que a sua gente sinta necessidade de procurar outro lugar para obter mais estabilidade. As guerras e a ganância... Depois, querem fechar as portas... quando já sentem que acolheram um tsunami.... Mas pouco fazem para evitá-los. Pelo contrário.
Muito obrigado pela visita:)
ResponderEliminarConcordo que é um tema que não é consensual, e é verdade que a perspetiva do lucro está acima de tudo na nossa sociedade.
Volte sempre!
Excelente crónica.
ResponderEliminarEu também não compreendo a intolerância de tantos portugueses em relação a imigrantes.
Conheço muitos, todos trabalham e ajudam a nossa Segurança Social.
A empatia está a escassear até entre aqueles que nunca partiram.
Abraço
Obrigado. É sem duvida um tema que me diz muito.
EliminarAbraço.
Já vi emigrantes a mostrarem-se intolerantes com imigrantes.
ResponderEliminarNão aprendemos nada neste domínio.
Magnífica e pertinente crónica.
Obrigado pela tua visita, só assim fiquei a conhecer este teu blog.
Caro Rui, tem uma boa semana.
Um abraço.
Obrigado pela visita.
EliminarBoa semana.
Abraço.